Ele seguiu em direção a sua sina, bateu na porta do quarto, porta pesada que se abriu devagar e com força, não era fácil abri-la. O quarto, antes iluminado e altivo, estava escuro, o clima fúnebre deixava no ar o cheiro de de por vir, a cortina amarelada, que balançava pouco, seguia o vento que por mais forte que soprava pouco se mexia. A cômoda, no lado esquerdo, estava empoeirada, as gavetas rangiam ao se abrir, tudo parecia dificultoso o tratar. Os passos, dentro do quarto, eram delicados, para não cair ou tropeçar, no taco mal posto, na madeira suspensa, no prego mal colocado. O seu teto era frágil, de vidro era feito, pelo limo formado pouca luz se aproveitava. A cama estava marcada, o lugar, era o acanhamento, quando a mão pousou no lençol para o ajuste ser feito, a cama rangeu, clamou um certo socorro, chorou como chora um cachorro.
Ele se afetou, abriu a cortina e viu os cristais de poeira brilharem, diziam que o alívio possível só faltava um bom jeito, o vento novamente invadiu o ambiente, o ar era de esperança, o balanço voltou como em um baile, não parava. Com um alisar, o reparo da cômoda fez com que abrisse com a facilidade que se esperava. Para o chão as batidas do martelo ressoavam como música, pedras cantavam ao toque do vidro do teto, a harmonia era perfeita, era o quebrar e o disparar do renascer. A cama se afastou da parede úmida, o ranger não mais ressoava choro, cantava ópera.
Ele sorriu, olhou para seu entorno, enrubesceu as bochechas e de missão cumprida brandiu em direção a porta, testou e viu a leveza que ela havia adquirido, pensou em fechá-la... sorriu.
T.D.O.Marques