Olhar no espelho nunca foi fácil, como também nunca foi fácil olhar para dentro, sem marcas, porque as marcas que o tempo podia lhe deixar, você simplesmente conseguiu fazer nem existi-las. Não foi imaturo e soube até que ponto o espelho ainda mesmo não sendo fácil de olhar, ainda dava para se olhar.
Caminhou pelo caminho tranquilo e pelo nebuloso, caminhou olhando para frente e sem piscar o olho nem diante da pedra lançada em seu rosto. A flecha passou raspando o seu olho esquerdo e com o direito deu um belo golpe de vista que a desviou, desviou para longe, mas nem tão longe do olho.
Senta-se no banco, olha para o lado, o vazio, certo, ameaçador, intranquilo e vazio. Tem medo de sentar perto dele, mas não sabe o quão sábio ele é. Não depende de nada, nem de ninguém, não olha, não cuida, não julga, ele apenas o é. Vazio, carinhoso, dócil, inteligente, acalentador.
Aprende-se um pouco com o nada. Estar no nada é estar em tudo todo o tempo, e olhar no espelho vazio e cheio de nada é fácil, esse espelho é o mais fácil.
T.D.O.Marques
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