sexta-feira, dezembro 26

O bom balanço



Pela corda espessa descia toda a esperança
Era o ponto de encontro
A motivação de um para o outro
A que guia e move toda criança

O impulso, levava ao delírio
Nas costas o afago infantil e o querer voar
Voávamos de um em um
Retornávamos, como quem saiu do céu

A infância se esvaía, a corda estreitava
A animação vinha e as lembranças afloravam
A vida pendia, mas a corda sempre balançava
O balanço parava, o carinho continuava. 

T.D.O.Marques

quinta-feira, dezembro 18

Pela pena do ficar

A tua boca petisca mordisca o meu pecado
A tua alma sussurra pelo cuidado
No alvorecer, saudade
Em seu entardecer, libertinagem
Vagava inseto mínimo
Rasgava mamífero truculento
Em seu jornal só notícia antiga
Em sua vida tudo esquina
Pelo becos podridão lenta
Pelas avenidas borrão de vida
Saiu multidão, virou deserto
Chorou solidão, viveu eterno
Encontrou solução em oásis
E como criança que tudo
Por tudo em quase tudo
Nessa vida toda se desarrumasse
Lembrou que já não viveu
Não penou se por ali não ficasse


T.D.O.Marques

domingo, dezembro 14

'vingava seu dia, estrondava na pele'

é um ser, é um ter, é o descontrole do ser que desmorona como o baralho em torre, cai no passo final do espetáculo circense, deixa brotar da alma a lágrima no momento que o ceder não é opção, explodiu no momento que o se ser era o necessário.
cedeu para a vida a melancolia que aflora de seu peito sempre aberto, mudou como o camaleão que para permanecer se altera, toma forma e não se exagera. Transbordou-se e bordou na pele a gigante rotina que te movia, o ser que descia e quase nunca subia, subia rompante, caiu dilacerante. O raio vingava seu dia, estrondava na pele, estremecia e seguia, não havia em si remorso, havia ali a calma de uma alma que seguida pela frieza era chama qual posta, não se acendia, apenas queimava.
O sal lhe rasgava a pele, salgava a alma, dava gosto ao ser e escancarava o sangrar da derme e o escorrer do seu padecer. Se pintou de maresia e saiu sempre leve, como um torpe brisa.

T.D.O.Marques

segunda-feira, dezembro 8

.remissão

É um desabafo, é um choro contido, é um sofrer, uma tristeza, uma vida.

De todos os poucos anos que a vida me deu, até agora, esse foi o mais doloroso, o mais estranho, o mais espiritual, o que mais bagunçou minha mente em todos os sentidos. É uma reconexão constante com o que eu deixei passar despercebido, é um tratado de fé com cada vírgula que escrevo em minha vida, são labutas diárias, rotinas alteradas e órbitas desalinhadas.
A água me moveu, a salgada que guia minha esperança, alegria e tristeza, a doce que me trouxe amor e me serviu como desculpa, para arrumar um travesseiro, para repouso no momento mais difícil que meu ser já pode enfrentar. Estava lá, calma quando pedi calma e desalinhada quando eu estava desalinhado.
O ser sempre é responsável por si, cada ponto ou reticência que introduz em sua vida é significado em uma exclamação ou interrogação logo mais. A vida me pediu "PARE!". Não compreendi em que momento o sinal ficava vermelho para mim, o sinal verde parecia sempre aberto e eu aberto a ele. Fui, como sempre, o questionador e desafiador que não ouvia voz, não ouvia fé, não ouvia família. A vida dessa vez não mandou, me perguntou logo após "Valeu?". A água voltou a me acompanhar, a noção de vida escorreu no chão vazio, sobrou do ser a pedra, lavada e fria a espera de uma mão que pudesse lhe cuidar, que lhe desse o afago ou o mal trato.