quinta-feira, novembro 6

Amarelidão

Ser o tempo que por si passa vagaroso, ser a água salgada que balança ou ser o vento que te movimenta. Preferir ser a calma de um sonho que se sonha acordado, pelo caracóis encaracolar as vicissitudes e ter no rio que corre o sinal de sim ou não que a plenitude pede.
No olho faceiro que corre vento, conquista tempo, transforma mar, faz redemoinho. No torto desse céu era em si a maciez tranquila, o repouso constante de uma alma meio copo.
Pela calma do engano é o bruto necessário, é a foz da beleza bruta, a princesa do vermelho alma e a alma da vida que por inveja as vezes um pouco lhe insulta.
Insulta porque rasga verbos, destrói os todos substantivos e a rainha de quase todos bons adjetivos.



T.D.O.Marques

terça-feira, novembro 4

quase-memória

assinou o papel pontilhado que dava o fim ao inferno que ele mesmo trouxe, retângulos formaram sua visão, pela noite fria e molhada, que distante não via nenhum horizonte, só o que sua alma lhe desejava. Estourava em seu peito o choro ressentido, a lágrima que por um instante era justa e bondosa, acariciava seu rosto com o sal do mar, com a única esperança que previa ter. Sua fé que nunca lhe avermelhou o rosto pipocava como marcas roxas pelo seu corpo. Clamou a bondade de quem nunca esperou e pediu, teve a ajuda de quem sempre lhe acompanhou, sempre lhe deu o bom olhar, agora lhe dava a boa mão. Encarou o leão e a leoa, levou no rosto a mão pesada que não espera o julgamento, que dilacera a alma, mas deixou cair na pele e levou na mente o rosto que será o seu intento. Uma outra mão antes lhe deu abrigo, a sua feição cai no esquecimento da pele e da própria mão, mas não da mente. Achou cuidado onde antes riso, sorriu irônico e sorriu contente. Fez trazer a tona sua mais escancarada face, sua mais incontida aberração bonita, seu ser que procura a paz e traz a força que incinera a pele, que arde em busca de espaço, e que sem saber ou sabendo, já é cativo catiço. A bença, porque o logo pede pressa, a bença.


T.D.O.Marques
café quente, porque beber saudade também deixa acordado


T.D.O.Marques


segunda-feira, novembro 3

Silencia sua alma

E os demônios que remontam diariamente o silêncio que ensurdece a alma, forma no olho a vista que o passado sempre dá. Inteiros gritos silenciosos que não dizem nada, leva a lugar algum.
Grito que ressoa na multidão vazia da praça deserta, que invade e destrói aos poucos o líquido e a chama rubra do peito em chamas. Desde as primeiras horas já se há desmontado o louvor complacente que advém com gratidão daquela alma que o bem é o único fazer.
Sem a misera gratidão só lhe resta o perdão, mas onde a peça foi quebrada a colagem só deixará mais marcas.


T.D.O.Marques