quarta-feira, outubro 29

Eu amo um tanto, e amo também



Eu amo um tanto, amo acordar no meio da manhã e ir tomar aquela xícara de café, até perto da beirada com duas colheres pela metade de açúcar. Amo ir ao quintal e afagar a cachorra que sempre feliz e disposta vem com a língua de fora, como se fosse um sorriso aberto, faceira que só ela. Amo ir até o portão e ter um bom senhor sempre com uma história para contar, um forró que deu certo, um comício que deu tiro, uma alma que não era penada... Depois, ainda amo, voltar para dentro de casa e debaixo do cobertor sentado na sala, e ouvir sobre o último carro que lançou, a última coisa que meu irmão contou, ou a notícia que alguém compartilhou... Amo sair com os poucos amigos que tenho agora, saber que tenho eles por perto, tomar um açaí (demorando duas horas) antes das aulas, depois da aula passar no Subway e comer o lanche mais barato possível, as companhias é que são caras para o coração, e antes da aula tomar um café no fim da tarde, com um pão caseiro, um porção grande de sorrisos e um afago no fundo do peito. Amo também é sair à noite e ver a lua, contemplar a imensidão escura que se forma, o fim da tarde com aquele vermelho todo alaranjado que ela traz. Amo mesmo é o tom simples que essas coisas tem, a naturalidade com que faço, a simplicidade que tudo é... quando se forma a complexidade, amo mesmo é ‘sair distraído e espalhar bem-querer’, mesmo que a distração seja só para mim, e o amor também.

T.D.O.Marques

segunda-feira, outubro 20

de pó a paz



Do pó em tua terra, tu me geras fertilidade

Do brilho do sol, tu ardes harmonia

De todos os males é cura incansável

Em toda fartura há de ter banquete

E de toda a bênção retribui paz


T.D.O.Marques

terça-feira, outubro 14

aquela roupa leve

botou aquela roupa leve, chinelinho velho de dedo, saiu para a rua pesado, envolvido na névoa escura que assola a cidade.
passeou pelos quatro cantos possíveis, norte ao sul já se conhecia todo, quando descia sabia onde estava, ia ao alto e olhava tudo com leveza, mas o dia era pesado, a névoa escura não lhe deixava enxergar o horizonte.
produziu a necessidade de se curar, se curou com sua solidão, a inerente a ele, que de todos não lhe abandona, que de todos é o único que sabe o que quer. O ser gritou por ela, a alma ansiou o pedido e como sempre respondeu altiva, berrou a sua ode e voltou a lhe acompanhar naquela bela, melancólica e feliz caminhada até a base.

T.D.O.Marques