sábado, junho 30

Ter e não ter.


Tenho que entender esse ter
Ter e não ter
Ser e não ser
Parecer e não aparecer
Viver e não viver

Sem razão
Sem complicação
Apenas a noção
De existir por existir, sem ter que ter.

Thomaz Diniz O. Marques




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domingo, junho 24

Sabedoria.


 
Como é bom ser verdadeiro
Como é bom saber das coisas
Mesmo que os outros não saibam
Mesmo que só eu conheça
Senhores, eu conheço, eu sou o único que vejo
Em meu trono de boçalidade
Vejo meras formigas
Formigas inúteis
Que me servem de diversão
Piso, maltrato e trato como quero
O que são formigas perto do meu trono de soberania?
Sabedoria única, jamais vista
Sabedoria da minha inutilidade.

Thomaz Diniz O. Marques

 


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sábado, junho 16

Deixar.

Vou deixar o tempo
Deixar o tempo curar essas feridas que não existem
Deixar o tempo seguir seu caminho sem apressá-lo
Deixar o tempo tomar o rumo que quiser, enquanto ele quiser

Vou deixar brotar
Deixar brotar o que não existe
Deixar brotar o que por acaso já existe
Deixar brotar aquilo que por destino nunca aparecerá

Vou deixar viver
Deixar viver o que há
Deixar viver o que não há
Deixar viver o que existiu não existindo

Deixar para trás, para frente
Abandonar o que não foi deixado
E buscar o inexistente em sua total existência.

Thomaz Diniz O. Marques

segunda-feira, junho 11

Vamos chamegar



Num rumo de conversa mal dizido
E um punhado de buchada mal cozido
Há de ter vivido
O caboclo mais fidido
Desse nosso mundo colorido
 
Lá pras bandas da Bahia
Em Conquista de nossa alegria
Nossa linda Maria Joaquina
Filha de Zé Firmina
Conheceu Marinino
Caboclo pensador
Com alma de trabalhador
Mas no corpo um odor
Que nem pirata sem perna
Nem cotoco sem suvaco
E nem cego de nariz
Não enxerga aquele fedor
Morador de Anagé
De  lá vem sua fé
Sujeito bom de coração
Logo se apaixonou
Uma cabocla meio amarelada
Da pele aprumada
De corpo estonteante
E de coração doce envergonhado
Marinino logo se achega
Chega em seu cangote e cheira
Cheiro bom
De flor de laranjeira
Lá do sertão das macaxeiras
Joaquina envergonhada
Se acanha e faz-se desentendida
Mas logo capita
O espírito de amor e de folia

Marinino conhecedor de seu forte odor
Se afasta
Mas logo trata de lançar um clamor.

“Joaquina minina linda
Fedor eu tenho muito
Mais amor eu tenho mais ainda
Se uma chance tu me destes
De amor não padeces”

Joaquina se acanha
Mas logo se alevanta,
E todos que estão a rir
Param logo ao ver seguir
A declaração de moça bonita
De candura fina e lisa

“Marinino moço bonito
Amor lindo que me tem oferecido
Com o por do sol a se deitar
Quero logo lhe falar,
Se flor de laranjeira cheiro
Venha cá meu nego
Vamos juntos chamegar.”


Thomaz Diniz O. Marques

quarta-feira, junho 6

Fé!

A vida não tão simples, as escolhas não tão fáceis, nos suprimem, nos abatem.
Mas, enquanto o coração bater, tiver lágrimas para correr, e a fé existir
Não paramos, porque o que nos move é tão mais forte amanhã do que era antes do sol nascer...
A escuridão só chega porque o sol se põe, e o dia só surge quando a escuridão passa.
Tenhamos fé, enquanto existirmos, tenhamos fé.