segunda-feira, junho 11

Vamos chamegar



Num rumo de conversa mal dizido
E um punhado de buchada mal cozido
Há de ter vivido
O caboclo mais fidido
Desse nosso mundo colorido
 
Lá pras bandas da Bahia
Em Conquista de nossa alegria
Nossa linda Maria Joaquina
Filha de Zé Firmina
Conheceu Marinino
Caboclo pensador
Com alma de trabalhador
Mas no corpo um odor
Que nem pirata sem perna
Nem cotoco sem suvaco
E nem cego de nariz
Não enxerga aquele fedor
Morador de Anagé
De  lá vem sua fé
Sujeito bom de coração
Logo se apaixonou
Uma cabocla meio amarelada
Da pele aprumada
De corpo estonteante
E de coração doce envergonhado
Marinino logo se achega
Chega em seu cangote e cheira
Cheiro bom
De flor de laranjeira
Lá do sertão das macaxeiras
Joaquina envergonhada
Se acanha e faz-se desentendida
Mas logo capita
O espírito de amor e de folia

Marinino conhecedor de seu forte odor
Se afasta
Mas logo trata de lançar um clamor.

“Joaquina minina linda
Fedor eu tenho muito
Mais amor eu tenho mais ainda
Se uma chance tu me destes
De amor não padeces”

Joaquina se acanha
Mas logo se alevanta,
E todos que estão a rir
Param logo ao ver seguir
A declaração de moça bonita
De candura fina e lisa

“Marinino moço bonito
Amor lindo que me tem oferecido
Com o por do sol a se deitar
Quero logo lhe falar,
Se flor de laranjeira cheiro
Venha cá meu nego
Vamos juntos chamegar.”


Thomaz Diniz O. Marques

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