terça-feira, novembro 4

quase-memória

assinou o papel pontilhado que dava o fim ao inferno que ele mesmo trouxe, retângulos formaram sua visão, pela noite fria e molhada, que distante não via nenhum horizonte, só o que sua alma lhe desejava. Estourava em seu peito o choro ressentido, a lágrima que por um instante era justa e bondosa, acariciava seu rosto com o sal do mar, com a única esperança que previa ter. Sua fé que nunca lhe avermelhou o rosto pipocava como marcas roxas pelo seu corpo. Clamou a bondade de quem nunca esperou e pediu, teve a ajuda de quem sempre lhe acompanhou, sempre lhe deu o bom olhar, agora lhe dava a boa mão. Encarou o leão e a leoa, levou no rosto a mão pesada que não espera o julgamento, que dilacera a alma, mas deixou cair na pele e levou na mente o rosto que será o seu intento. Uma outra mão antes lhe deu abrigo, a sua feição cai no esquecimento da pele e da própria mão, mas não da mente. Achou cuidado onde antes riso, sorriu irônico e sorriu contente. Fez trazer a tona sua mais escancarada face, sua mais incontida aberração bonita, seu ser que procura a paz e traz a força que incinera a pele, que arde em busca de espaço, e que sem saber ou sabendo, já é cativo catiço. A bença, porque o logo pede pressa, a bença.


T.D.O.Marques

Nenhum comentário: