segunda-feira, dezembro 8

.remissão

É um desabafo, é um choro contido, é um sofrer, uma tristeza, uma vida.

De todos os poucos anos que a vida me deu, até agora, esse foi o mais doloroso, o mais estranho, o mais espiritual, o que mais bagunçou minha mente em todos os sentidos. É uma reconexão constante com o que eu deixei passar despercebido, é um tratado de fé com cada vírgula que escrevo em minha vida, são labutas diárias, rotinas alteradas e órbitas desalinhadas.
A água me moveu, a salgada que guia minha esperança, alegria e tristeza, a doce que me trouxe amor e me serviu como desculpa, para arrumar um travesseiro, para repouso no momento mais difícil que meu ser já pode enfrentar. Estava lá, calma quando pedi calma e desalinhada quando eu estava desalinhado.
O ser sempre é responsável por si, cada ponto ou reticência que introduz em sua vida é significado em uma exclamação ou interrogação logo mais. A vida me pediu "PARE!". Não compreendi em que momento o sinal ficava vermelho para mim, o sinal verde parecia sempre aberto e eu aberto a ele. Fui, como sempre, o questionador e desafiador que não ouvia voz, não ouvia fé, não ouvia família. A vida dessa vez não mandou, me perguntou logo após "Valeu?". A água voltou a me acompanhar, a noção de vida escorreu no chão vazio, sobrou do ser a pedra, lavada e fria a espera de uma mão que pudesse lhe cuidar, que lhe desse o afago ou o mal trato.

2 comentários:

Unknown disse...

o que dizer? eu, que por aqui passo, mas me faço invisível há tanto tempo. hoje me deparo com o meu espelho. me vejo em suas palavras. me surge a dúvida: como pode alguém escrever, frase por frase, palavra por palavra, vírgula por vírgula, exatamente o que eu escreveria nesse momento? como pode alguém ser tão eu? em meio a lágrimas saio do esconderijo porque choro compartilhado dói menos.

Thomaz disse...

Anna,
Não sei se um obrigado ou um abraço seria o melhor a lhe oferecer, suas palavras me fazem continuar a escrever descrevendo esses momentos que são os clicks necessários para nossos belos e tortos pensamentos.
Volte sempre