segunda-feira, maio 19

Terminou de fechar a porta, que antes encostada podia ser fechada pelo vento, limpou as lágrimas do rosto e esbanjou um leve sorriso no canto da boca. Limpou os cacos, da taça quebrada, e o líquido, que dava ao chão a coloração sanguínea. Parou sentado na beira do sofá, olhando o infinito e sentindo toda a ausência que agora lhe fazia. O sol já ia embora, quando decidiu esperar mais um pouco e dar ao dia o ar de despedida eterna. O vento soprou, frio, na nuca e o arrepio inevitável demonstrava a pouca vida que ainda sobrava. O torpor causado pelo álcool começava a desaparecer, e os sentimentos embaralhados ascendiam junto a solidão. Solidão que lhe apertava, ausência que pisava esmagando a alma. Estava só e era invisível. A porta se abriu novamente e finalmente a sua ausência saia pela porta, carregando o copo cheio, a alma vazia e a pouca chama de vida.

T.D.O.Marques

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